BLOG

Os equipamentos de TV brasileiros são seguros em casos de incêndio?

Por Alexandre Vieira, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Retardantes de Chama (ABICHAMA) Essa foi a pergunta feita pela Associação Brasileira da Indústria dos Retardantes de Chama (ABICHAMA) após os resultados apresentados pelos televisores brasileiros avaliados pelo Southwest Research Institute (SwRI), reportado no relatório denominado ‘Combustion Characteristics of Flat Panel Televisions With and Without […]

Por Alexandre Vieira, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Retardantes de Chama (ABICHAMA)

Essa foi a pergunta feita pela Associação Brasileira da Indústria dos Retardantes de Chama (ABICHAMA) após os resultados apresentados pelos televisores brasileiros avaliados pelo Southwest Research Institute (SwRI), reportado no relatório denominado ‘Combustion Characteristics of Flat Panel Televisions With and Without Fire Retardants in the Casing’ (Características de combustão de televisores de tela plana com e sem retardantes de chama em seu revestimento, na tradução livre).

Para chegar a uma conclusão definitiva, a ABICHAMA, juntamente do International Bromine Council (BSEF), solicitou ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) para que fosse desenvolvido um novo teste de reação ao fogo de materiais poliméricos, ou seja, a parte que reveste os televisores, comparando equipamentos brasileiros e estadunidenses. O objetivo do experimento seria identificar a capacidade de resistência ao fogo nos dois tipos de aparelhos, já que os estadunidenses possuem maior proteção contra chamas em sua composição.

Para isso, foram compradas seis TVs, três de cada país. Apesar de parecidas visualmente e internamente, os equipamentos norte-americanos possuem uma proteção extra, por conterem retardantes de chama, por isso, se mostraram muito mais seguras.

Para se ter uma ideia, foram necessárias três tentativas de queima nos televisores comercializados nos Estados Unidos. Sendo que o equipamento se ignizou somente após três minutos de exposição à chama. E, ainda assim, o fogo se extinguiu depois de 15 segundos. Já no caso da TV vendida no Brasil, em apenas duas tentativas de 10 segundos já foi identificada a ignição. Porém, ao contrário do modelo estadunidense, as chamas se propagaram rapidamente por todo o aparelho.

O material consumido no ensaio do televisor brasileiro correspondeu a, aproximadamente, 57% do total de material combustível incorporado ao televisor. Ou seja, o invólucro do televisor brasileiro se mostrou extremamente suscetível a ter o fogo estimulado a partir de uma pequena chama. Sendo capaz de permitir que a TV, eventualmente, se torne em um importante foco de incêndio, que pode se espalhar para outros objetos ou móveis, como sofás e colchões, por exemplo.

De acordo com levantamento da empresa de estudos de mercado GfK, as vendas de TVs no Brasil somaram quase 5 milhões de unidades no primeiro semestre de 2023. Um crescimento de 5,4% em comparação com o mesmo período de 2022. É inegável que o aparelho televisor é hoje um dos equipamentos mais comuns nos lares brasileiros, sendo fonte de informação e entretenimento.

Hoje, os televisores no Brasil estão submetidos à norma ABNT NBR IEC 60065:2009, que fornece orientações sobre: como evitar a ignição causada por um componente eletricamente energizado; como confinar qualquer princípio de incêndio no interior do produto; minimizar a propagação de chamas além do produto, como em cortinas e tapetes; e minimizar os efeitos nocivos do incêndio como o calor, fumaça, toxicidade e corrosividade. Mas podemos ir além.

A experiência em outros mercados nos mostra que é possível reforçar a proteção contra chamas em produtos eletroeletrônicos para garantir padrões de segurança adequados à população, além de, também, outros itens inflamáveis que possuímos em nossos lares. É preciso priorizar a agenda da Segurança Contra Incêndio (SCI) no Brasil e reforçar as medidas de proteção passiva contra incêndios. Somente assim, evitaremos que tragédias aconteçam.